24 Apr
Teoria dos Jogos

A teoria dos jogos representa a aplicação da matemática e da economia como forma de estabelecer os fundamentos teóricos que explicam quando a mediação pode apresentar vantagens e desvantagens em relação à heterocomposição. Essa teoria repousa no estudo de situações estratégicas nas quais há o engajamento dos participantes em um processo de tomada de decisão, onde a sua conduta se baseia na expectativa do comportamento da pessoa com a qual interage.

Seu ojbeto de estudo é o conflito, o qual "ocorre quando atividades incompatíveis acontecem. Essas atividades podem ser originadas em uma pessoa, grupo ou nação". Na teoria dos jogos, o conflito pode ser entendido como a situação na qual duas pessoas têm de desenvolver estratégias para maximizar seus ganhos, de acordo com certas regras preestabelecidas.

A regra básica das relações, para Adam Smith, seria a competição. Se cada um lutar para garantir uma melhor parte para si, os competidores mais qualificados ganhariam um maior quinhão. Tratava-se de uma concepção bastante assemelhada à concepção prescrita na obra A Origem das Espécies, de Charles Darwin, na medida em que inseria nas relações econômico-sociais a "seleção natural" dos melhores competidores.

Essa noção econômica foi introduzida na teoria de John Von Neumann, na medida em que toda a sua teoria seria voltada a jogos de soma zero, isto é, aqueles nos quais um dos competidores, para ganhar, deve levar necessariamente o adversário à derrota. Nesse sentido, para Von Neumann, sua teoria seria totalmente não-cooperativa.

Então temos a seguinte configuração, Von Neumann partia da competição e dos jogos de soma zero, em que haveria um ganhador e um perdedor. John Forbes Nash, por sua vez, partiu de outro pressuposto, o da cooperação, isto é "... é possível maximizar ganhos individuais cooperando com o outro participante (até então, adversário)" ao se levar em consideração no desenhar da estratégia os dois fatores: individual e coletivo. É de sua autoria a máxima "se todos fizerem o melhor para si e para os outros, todos ganham".

O Dilema do Prisioneiro, proposto por Flood e Dresher, é o exemplo clássico da aplicação da teoria dos jogos. Consiste em uma situação hipotética de dois homens, suspeitos de terem cometido um delito, serem interrogados ao mesmo tempo em salas separadas. A polícia não possui evidências para a condenação pelo crime e planeja recomendar a sentença de prisão de 1 ano para ambos, caso eles não aceitem o acordo.

Os termos do acordo são os seguintes: se o investigado A testemunhar contra o B ficará livre da prisão, enquanto sobre B recairá uma pena de 3 anos. O mesmo ocorrerá se B testemunhar contra A: B ficará livre e A cumprirá pena de 3 anos. A outra opção seria se ambos aceitarem o acordo e um testemunhar contra o outro, ambos serão sentenciados a 2 anos de prisão.


Opções
Efeito
Recusa do acordo por ambos
1 ano de prisão
A testemunha contra B
A livre
B 3 anos de prisão
B testemunha contra A
B livre
A 3 anos de prisão
Acordo aceito
2 anos de prisão para ambos


Assim sendo, como em qualquer dilema, não existe uma resposta correta. Em um plano ideal, com pessoas racionais e colaborativas, a melhor opção seria a cooperação em que ambos rejeitariam o acordo da polícia e pegariam, cada, apenas 1 ano de prisão. Todavia, o comportamento mais freqüente é o da não cooperação. 

Jogos de soma zero:

Interesses dos jogadores são completamente opostos;

Há um ganhador e um perdedor;

Competição, não-cooperação;

Negociação posicional ou barganha distributiva;

Ex: xadrez, processo judicial contencioso.

Jogos de soma não-zero:

Interesses comuns e opostos;

Há a possibilidade de comunicação, de cooperação e de ganhos mútuos;

Estímulo à cooperação para a solução do conflito;

Negociação por princípios ou integrativa;

Ex: mediação.