01 Sep
Armaduras

Carregamos conosco pesos, ilusões, máscaras, formas de nos blindarmos de nós mesmos, de nos isolarmos de nós, de evitarmos o fato de termos sim desafios, problemas, sombras internas. Enrijecemo-nos, somos curtos e grossos, desconversamos e nos distraímos com qualquer entretenimento barato quando confrontados com dores internas.

Evitar olhar para nós mesmos desencadeia uma cascata de dificuldades, de obstáculos. Afastamos, além de nós mesmos, pessoas próximas que gostam de nós e querem o nosso bem, porém, ao se depararem com grosseria e estagnação, dão um passo para trás, respeitando nossas escolhas.

Rejeitar e fingir que nossas sombras não existem, excluem as oportunidades de memórias boas, de emoções como alegria de se manifestarem em nossas vidas. Pois, fugir do que consideramos negativo, faz com que fujamos de toda gama emocional.

Assim, nossa armadura consegue impedir que sintamos emoções, que nos relacionemos profundamente com qualquer ser humano e que vivamos nos distraindo por todo nosso dia. Criamos uma barreira excelente para nos proteger daquilo que pensamos ser dor e sofrimento.

Ocorre que, por fim, a barreira nos protege de sermos humanos, nos torna alguém frio, rude e amargurado, em constante fuga de si. Uma pessoa não pode fugir e aprender ao mesmo tempo, ela precisa permanecer algum tempo no mesmo lugar.

Permaneça em si mesmo, cuide-se, ame-se, acolha-se, assuma as suas responsabilidades. Aí então, poderá fazer o mesmo com aqueles ao seu redor. 

Vestir armaduras e afirmar que o faz para proteger e cuidar de quem você ama é uma mentira que não convence ninguém além de você mesmo; todos ao seu redor são capazes de notar que isto não passa de uma fuga desesperada dos seus próprios medos.