3 – Empatia - Empatia é um movimento de olhar para a experiência do outro a partir do universo dele. É oferecer presença na escuta, não para concordar ou discordar, nem para buscar soluções ou aconselhar, mas sim para compreender os sentimentos e necessidades do outro.
É uma habilidade, que pode ser desenvolvida, de compreender o significado da experiência que uma outra pessoa está vivenciando e legitimar essa experiência. Demanda um aquietar de nossas conversas internas, prontas, condicionadas, para abrirmos o espaço curioso e interessado da escuta do outro.
Numa metáfora, é entrar dentro da casa da pessoa que estamos ouvindo, olhar o que ela tem pendurado na parede, como ela arruma sua sala, o que ela come, qual é sua tradição religiosa, que músicas ela ouve, qual sua cultura familiar, quais são suas experiências, crenças, realidades.
E daí, quando conhecemos mais do mundo de dentro dessa pessoa, fica mais fácil a compreendermos e validarmos seus sentimentos e necessidades, também, fica muito provável que a conexão entre as pessoas flua a contento. Empatia tem relação com sentimentos e não apenas de forma intelectual.
Ou seja, você pode observar as necessidade e desafios de alguém, racionalmente, sem ser empático, sem se conectar com seus sentimentos – nesse caso você está trabalhando a simpatia. Para a empatia, o exercício é ouvir e “viver” o que o outro sente por dentro, ouça o que essas pessoas têm a dizer, sem querer responder, apenas ouça. Nesse exercício, se coloque dentro da experiência narrada.
Esse exercício pode transformar sua relação, bem como a forma de enxergar os outros. Carl Rogers descreveu o impacto da empatia em que a recebe: “Quando alguém realmente o escuta sem julgá-lo, sem tentar assumir a responsabilidade por você, sem tentar moldá-lo, é muito bom... Quando sinto que fui ouvido e escutado, consigo perceber meu mundo de uma maneira nova e ir em frente. É espantoso como problemas que parecem insolúveis se tornam solúveis quando alguém escuta. Como confusões que parecem irremediáveis viram riachos relativamente claros correndo, quando se é escutado”
Marshall Rosenberg descreve a seguinte história em seu livro: Uma diretora de uma escola inovadora, Sra. Anderson, voltou do almoço certo dia e encontrou Milly, uma aluna do ensino básico, sentada em seu escritório e parecendo arrasada, esperando para vê-la.
Sentei-me junto a Milly, que começou: “Sra. Anderson, a senhora já teve uma semana em que tudo que faz magoa alguém, mas a senhora nunca quis magoar ninguém de forma nenhuma?” “Sim”, respondi. “Acho que compreendo”. Milly então passou a descrever sua semana. Eu já estava um pouco atrasada para uma reunião muito importante, ainda estava com meu casaco, e ansiosa para não deixar uma sala cheia de gente me esperando.
Então, perguntei: "Milly, o que posso fazer por você?" Milly se aproximou, agarrou meus ombros com as mãos, olhou-me bem nos olhos e disse com muita firmeza: "Sra, Anderson, não quero que a senhora faça nada; só quero que me escute." Aquele foi um dos momentos de aprendizagem mais significativos de minha vida – e ensinado por uma criança -, por isso pensei: ‘Não importa a sala cheia de adultos esperando por mim!’
Milly e eu passamos para um banco que nos dava mais privacidade e nos sentamos, com meu braço ao redor de seus ombros, sua cabeça em meu peito, e seu braço em volta de minha cintura, e falou até se dar por satisfeita. E sabe de uma coisa? Não demorou tanto tempo assim.