29 Jul
Fugas

Tendemos a fugir da realidade com certa frequência. Desde os mais simples e, aparentemente, inofensivos atos como adoçar a bebida, exagerar no sal, apenas ouvir e não escutar conversas, música em volumes altíssimos, telas de celular/computador, até os mais conhecidos, como drogas ilícitas e pornografia.

Sim, muitas vezes é quase que terapêutico adoçar o café, jogar algo no celular, ou assistir vídeos no youtube. A questão é o quanto de consciência e presença estamos colocando nesses atos.

Acabamos nos perdendo e ficando horas e horas assistindo algo que não nos acrescenta nada e, talvez, no fundo nem gostamos. Apenas nos deixamos levar. Do mesmo modo o açúcar ou sal, acaba entrando na rotina, não damos a chance de nos permitir sentir o verdadeiro gosto da bebida/comida.
Essas "mini fugas" mais do nosso dia a dia e maquiadas como "algo normal", são na verdade os grandes responsáveis por nossa falta de atenção com nós mesmos. Acostumamos a constantemente nos enganarmos, criamos ilusões de gostos e sabores, imersões em sons altos e muito brilho e cores nas telas.

Hiperestimulamos nossos sentidos e o que deveria ser normal e sagrado do nosso dia, como ter uma conversa verdadeira, escutando ATIVAMENTE um ao outro, torna-se quase que impossível, um verdadeiro sacrifício. E nem é por mal não, é por hábitos ruins, por costumes repetidos diversas vezes treinando nosso cérebro a buscar estímulos constantemente.

São esses pequenos vícios os causadores muitas vezes de estados depressivos, por exemplo. Pois tornam o nosso dia a dia, as atividades rotineiras, uma chatice, visto que não são tão dopaminérgicas - apesar de terem potencial sim de serem prazerosas.

Ocorre que, na verdade, é cheio de cores, sabores e magnífico, desde que estejamos conscientes e, de certo modo, limpos e libertos para experiencia-lo. E não adormecidos por dentro, correndo incessantemente para longe de nós mesmos através de inúmeras distrações e distorções.