22 Aug
Imaginário

Possuímos intelecto como seres humanos racionais, segundo a antropologia, este se dá juntamente com nosso imaginário. O imaginário pode ser dividido em 3 partes: conceitos, fantasmas e afetos.

Funciona da seguinte forma: vamos adquirindo memórias, experiências, vivências sobre determinada coisa, ou seja, vamos gerando fantasmas a respeito disto. Estas memórias, ou fantasmas, constroem nosso conceito a respeito desta determinada coisa, formam a essência do que é aquilo.

Por exemplo, um celular, posso imaginá-lo de um jeito, você de outro, outros formatos e cores, mas em essência, ambos saberemos se tratar o meu e o seu de um celular. Agora, quando imaginamos família tudo pode começar a mudar, pois, a minha criação e a sua foram diferentes, uma mais tumultuada, outra menos; teremos em nós diferentes memórias sobre o que seria família e, portanto, diferentes conceitos.

Se venho de uma família onde cresci ouvindo os homens falando sobre como as mulheres traem e, ainda quando criança, presenciei pontuais e marcantes casos de traições femininas em meu seio familiar, o meu conceito, por exemplo, de relacionamento com mulher, é de que elas são infiéis. Deste modo, buscarei me relacionar com mulheres infiéis. E, pior, ao me deparar com uma fiel, acharei estranho e terei dificuldades em seguir adiante com ela.

Como resolver então? Criando novos fantasmas! Novas memórias. Lendo a respeito de relacionamentos saudáveis, com lealdade e fidelidade, conversando com casais fiéis, assistindo filmes que retratam fidelidade, enfim, colocando para o seu mundo interior material para ir modificando o seu conceito de relacionamento com mulheres.

Isto serve para absolutamente tudo, dinheiro, saúde, enfim, para modificar uma situação, é preciso atentar-se como isto está sendo atraído até você. Até aqui, conceitos e fantasmas ficam na área da imaginação.

Agora, afetos, é impossível você sentir raiva do nada, é preciso um impulso externo para gerar emoções. E aqui nos afetos estão pessoas dependentes destes impulsos do mundo externo para agir e também os ansiosos, onde não são capazes de imaginar saída para determinada situação, sendo tomados pelo medo e pela inevitável falha.

Os afetos solidificam com maior eficácia nossos fantasmas, mas devemos aprender a não sermos dependentes deles, amar sem necessariamente sentir aquele amor no momento, dar carinho sem necessariamente estar tomado por uma grande energia emocional. Também, aprender a frear um pouco nossas emoções e enxergar alternativas para nossos desafios, não deixar que o medo nos cegue.

Agora, veja, como funciona uma manipulação em massa: criam-se diversas notícias acerca de determinada pessoa, quem consome esse material vai sendo tomado pelo afeto, criando fantasmas e gerando conceitos a respeito dela. Pronto, forjamos um inimigo no intelecto da sociedade.

Outro ponto importante é notar de que forma estamos alimentando nosso mundo interior: livros, músicas, amizades, ambientes, filmes, redes sociais, notícias. Qual a qualidade disto tudo para nós, até que ponto está agregando algo ou apenas nos empurrando para baixo.

Até que ponto o que consumimos e jogamos para dentro de nós cria bons fantasmas, boas memórias, gerando bons conceitos, alinhados com aquilo que queremos e desejamos para nós. Ou apenas nos afasta e molda uma versão completamente diferente daquela que esperamos alcançar um dia?