Tendemos a lembrar muito mais de lembranças negativas do que positivas. Talvez a maior razão disto seja o instinto de sobrevivência do nosso cérebro, lembramo-nos dos traumas para evitá-los, o sofrimento fica marcado para não passarmos novamente por eles.
Todavia, vale ter a consciência deste fato para não acabarmos criando uma ilusão totalmente negativa a respeito de nossas vidas. Reafirmar memórias negativas do passado cria um presente recheado de medos, bloqueios, limitações; acabamos nos aprisionando através das nossas lembranças.
Nossa memória não é capaz de acessar a origem do episódio caso ele já tenha sido relembrado uma única vez que seja. O percurso realizado por nosso cérebro é acessar a última recordação do fato e não ele em si, portanto, por sermos tomados por emoções (geralmente negativas, já que via de regra são traumas), o que relembramos já está distante do que ocorrido.
Não podemos confiar em nossas memórias longínquas para basear quem somos. Elas foram modificadas. Por nós mesmos e até por quem conta a mesma história, por quem a ouve e opina, enfim, fica cada vez mais distante da realidade.
Isso para dizer: esqueça os traumas, deixe os medos de lado, opiniões formadas a respeito de pessoas, países, enfim, qualquer opinião advinda de uma lembrança antiga, pode ser (e deve ser) facilmente descartada. Não traz consigo sustentação e não é digna de ocupar espaço em nossas vidas presentes.
Isso nos libera para termos uma vastidão muito maior de experiências, vivências, aprendizados. Uma vida muito mais alegre e leve, com menos crenças limitantes, menos rancores e mágoas. Uma vida nossa, carregando conosco apenas o que nos pertence de fato, nossa própria essência, nossa luz, nosso amor, sem distrações e sem tormentos de visitantes indesejados em nossa mente.