O último passo é pedir que determinadas ações sejam realizadas para atender às nossas necessidades. Podemos fazer um pedido de solução ou de conexão.
Solução - É importante ser claro no pedido. Por isso, prefira uma linguagem positiva. Em lugar de exigir “Não quero que grite”, peça “Gostaria que falasse mais baixo”. Quando a gente pede um “não fazer”, as pessoas ficam confusas quanto ao que realmente está sendo pedido. Além disso, a solicitação negativa pode provocar resistência em seu ouvinte. Marshall relata: “Num seminário, uma mulher, frustrada porque o marido estava passando tempo demais no trabalho, descreveu como seu pedido tinha se voltado contra ela: ‘Pedi que ele não passasse tanto tempo no trabalho. Três semanas depois, ele reagiu anunciando que havia se inscrito num torneio de golfe!’. Ela havia comunicado a ele com sucesso o que ela não queria – que ele passasse tanto tempo no trabalho -, mas tinha deixado de pedir o que ela realmente queria. Solicitada a reformular seu pedido, ela pensou por um minuto e disse: ‘Eu queria ter-lhe dito que desejava que ele passasse pelo menos uma noite por semana em casa com as crianças e comigo’”. Além de utilizarmos uma linguagem positiva, devemos evitar frases vagas, abstratas ou ambíguas e formular nossas solicitações na forma de ações concretas que os outros possam realizar.
Às vezes a gente expressa um desconforto e espera erroneamente que o ouvinte compreenda o pedido que está embutido. Por exemplo, um casal conversando: “Estou aborrecido porque você se esqueceu de comprar a cebola que pedi para o jantar”. Embora pareça óbvio para ele um pedido para voltar à loja, o companheiro pode pensar que suas palavras foram ditas apenas para que ele se sentisse culpado. Igualmente problemática é a situação oposta: quando as pessoas fazem seus pedidos sem primeiro comunicar os sentimentos e necessidades por trás deles. Isso é especialmente verdadeiro quando o pedido assume a forma de uma pergunta: “Por que você não vai cortar o cabelo?”. Essa pergunta pode facilmente ser entendida pelos jovens como uma exigência ou um ataque, a menos que os pais se lembrem de primeiro revelar seus próprios sentimentos e necessidades: “Estamos preocupados, porque seu cabelo está ficando tão comprido que pode impedir você de ver as coisas, especialmente quando está em sua bicicleta. Que tal cortá-lo?”.
Quanto mais claros formos a respeito do que queremos obter, mais provável será que o consigamos. Entretanto, é mais comum que as pessoas conversem sem estar conscientes do que estão pedindo. Podemos pensar que não estamos pedindo nada, no entanto, Marshall nos diz que sempre que dizemos algo a alguém, estamos pedindo algo em troca. Pode ser simplesmente uma conexão de empatia – um reconhecimento verbal ou não-verbal de que nossas palavras foram compreendidas. Ou podemos estar pedindo honestidade: saber qual é a reação honesta do ouvinte a nossas palavras. Ou ainda podemos estar pedindo uma ação que satisfaça a nossas necessidades. Quanto mais claros formos a respeito do que queremos da outra pessoa, mais provável será que nossas necessidades sejam atendidas.
Conexão - A mensagem que enviamos nem sempre é a mensagem que é recebida. Geralmente dependemos de pistas verbais para determinar se nossa mensagem foi compreendida da maneira que queríamos. Mas, se não temos certeza de que foi recebida como pretendíamos, podemos solicitar claramente uma resposta que nos diga como a mensagem foi ouvida, a fim de evitar qualquer mal-entendido.
Em algumas ocasiões, apenas um “está claro?”, é suficiente. Em outras, precisamos de mais do que um “Sim, entendi” para estarmos seguros de que a mensagem foi recebida. Aqui, podemos pedir ao outro que repita com suas palavras o que acabara de ouvir. Temos então uma oportunidade de reformular partes de nossa mensagem de modo que resolva qualquer discrepância que notarmos no retorno recebido.
Pode ser que, num primeiro momento, isso soe estranho. Pode ser que o outro interprete como uma afronta a sua capacidade auditiva ou interpretativa. Quando isso acontecer, podemos nos valer da Comunicação não-violenta mais uma vez para mostrar o quão importante é para nós ter a confiança de que conseguimos emitir realmente a sutileza da mensagem. É importante certificar-se de que ambos saíram com a mesma compreensão da conversa. Pergunte ao outro o que ele entendeu sobre o que você disse. Quando as pessoas confiam que o nosso compromisso maior é com a qualidade do relacionamento e que nossa expectativa é usar o processo para atender a necessidade de todos, então elas podem confiar que fazemos verdadeiros pedidos, e não exigências camufladas.
Perguntas frequentes para pedidos de conexão: “Como é isso pra você?”; “Como é pra você ouvir o que estou contando?”; Gostaria de te ouvir, como você recebe isso?”