O ser humano, por natureza, busca o convívio social, o relacionamento com outras pessoas, o pertencimento a grupos sociais, laborais, religiosos, acadêmicos. Essa busca remota desde a criação do mundo, mas, o que mudou nos tempos atuais?
Interesses divergentes, monossílabos como forma de diálogo, disputas por poder, terceirização de responsabilidades, pessoas que perderam a sua função social, enfim, hoje estamos enfrentando uma fase de limbo existencial. Perdeu-se a identidade e o valor que cada pessoa tem. A busca pela "última palavra" é muito forte. Há um castramento velado e implícito das emoções humanas. A competição, ainda que não verbalizada, continua.
Em que pese todos os esforços para uma mudança de mentalidade, com avanços significativos, ainda sim resta uma resistência ao novo: o ouvir e o escutar na essência para compreender e não para reagir nem para aguardar o momento de ouvir a sua própria voz. A paz não apenas como ausência de guerras e sim como equil´brio físico e, sobretudo, emocional ainda é encarado com certa dose de romance e com pouca prática.
Então, que direitos e garantias teriam os homens para o bom convívio social? Bastariam tão somente "acordos de cavalheiros", as palavras proferidas ao invés de um papel assinado com o atestar da sua veracidade e do seu comprometimento com o pactuado? Até que ponto tais direitos não afrontariam a liberdade que nos é tão cara? Qual o nosso grau de comprometimento com o respeito aos direitos e à liberdade do outro?
Nesse sentido, o sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman fala que a modernidade se encontra em uma fase de "interregno": uma indefinição quanto ao modelo cultural da sociedade estabeleicda no século XXI, de novas construções de pensamentos, de novas identidades sociais e de novas relações interpessoais. Em razão disso, estaríamos vivenciando e experimentando o momento das relações líquidas, superficiais.
Essas relações estão vinculadas, principalmente, ao mundo globalizado, digital e tecnológico, o qual, por um lado, facilita as interações sociais, por outro, torna-as volúveis, efêmeras e individuais. Como ápice das relações líquidas, nas redes sociais contatos virtuais são construídos constantemente, todavia, não são criados vínculos de afeto ou coletividade, logo, a individualidade é inevitável, bem como seus efeitos negativos.