09 Apr
Sentimentos

O segundo passo é identificar e expressar com honestidade o que você sente em relação ao que observa: frustração, tristeza, mágoa, insegurança, irritação, etc. Por exemplo: “Quando você atrasa as entregas me sinto muito inseguro”. Isso ajuda a criar empatia e facilita o entendimento do outro sobre você. Mas atenção! A responsabilidade pelo que você sente é só sua. Não culpe o outro pelo sentimento gerado e aceite que todos somos vulneráveis.

Durante os mais de 10 anos de período escolar, você se lembra quantas vezes te perguntaram como você se estava se sentindo? Seja num momento de dor ou numa celebração, independente do contexto, é possível que essa pergunta nunca tenha sido feita, não é verdade? Na verdade, o estímulo costuma vir na direção oposta, acessar sentimentos ou o simples ato de sentir é tido como fraqueza: “menino grande não chora” ou “mocinha deve se comportar”. Isto é, não só somos estimulados a olhar para fora, como somos desencorajados a olhar para dentro. Aprendemos em cada momento, em cada situação, a nos perguntar: “o que esperam que eu diga e faça agora?” ou “qual o comportamento é mais adequado para mim nesse contexto?”. E essa vai se tornando a maior força guia dos nossos comportamentos e ações.

Nos ensinam um peculiar jogo da vida, onde sentir é fraqueza que deve ser escondida, afinal o nosso competidor pode se aproveitar dela e me engolir. Um jogo no qual devemos ser inabaláveis, perfeitos. E assim a gente se relaciona. Naquele instante, eu não me conheço, você não se conhece, nós não nos conhecemos um ao outro. Difícil ocorrer outro clima que não seja o de profunda desconexão, estimulado por competição, ataques, defesa, medo, culpa e vergonha. Acontece que quando a gente se vulnerabiliza e deixa o outro conhecer nossos sentimentos, esse jogo para de fazer sentido. Aquele que era adversário, agora se identifica comigo, porque ele também sente. Essa identificação é também uma permissão para que ele possa revelar. Surge um ambiente favorável a conexão, em que a compaixão pode nos levar a querer de verdade cuidar uns dos outros. E nosso comportamento passa a vir de um outro lugar, que não aquele da obrigação. 

O ambiente interno é um mundo a ser desvendado e uma das mais fortes barreiras é a ausência de vocabulário para nomear esse mundo. Enquanto temos uma vasta gama de palavras para avaliar o que está, nosso interior costuma ser representado, quando representado, por palavras genéricas e vagas, do tipo: “sinto-me bem com essa notícia”. Seria bem no sentido de aliviado, alegre ou empolgado? 

Utilizar termos vagos como bem ou mal bloqueia a conexão, já que o interlocutor não se encontra de fato com o que estamos sentindo. Para apoiar no desenvolvimento desse vocabulário, segue uma lista de sentimentos, inspirada em Marshall: 

Sentimentos com Necessidades atendida 

Calmo, Relaxado, Conectado, Descansado, Renovado, Contente, Feliz, Alegre, Animado, Esperançoso, Inspirado, Energizado, Alerta, Disposto, Grato, Empoderado, Motivado, Concentrado, Curioso, Interessado, Bem-humorado, Amoroso, Centrado, Seguro, Aliviado, Otimista, Satisfeito, Pleno.

Sentimentos com Necessidades não atendidas

Com raiva, Furioso, Aborrecido, Exausto, Estafado, Deprimido, Triste, Sozinho, Desencorajado, Desanimado, Desesperançoso, Irritado, Receoso, Desconfortável, Chateado, Agitado, Frustrado, Desconcentrado, Surpreso, Tenso, Com medo, Preocupado, Pessimista, Cansado, Fragilizado, Envergonhado, Confuso, Ansioso.